sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Guerra dos concursos

Guerra dos concursos

Se você acha que é o conjunto de dificuldades pessoais e circunstanciais, a concorrência e a quantidade de matéria, que tudo somado é um "inimigo" forte demais, deixe-me falar sobre guerras





Há alguns anos lancei um livro chamado A arte da guerra para concursos no qual comento os escritos milenares de Sun Tzu com foco nos concursos. Para compor a obra estudei muito sobre estratégia e as histórias de guerras. Hoje, falarei sobre como usar de estratégias para enfrentar uma longa campanha e inimigos mais poderosos que você.


Depois de algum tempo na guerra dos concursos, o concurseiro começa a perceber que os custos são altos e os sacrifícios para obter o sucesso, muitos. Mas mais que isso, descobrirá como é difícil buscar o ponto de equilíbrio entre tudo o que a vida exige de nós hoje e o que demandará amanhã. A dor e até angústia dessas horas pode ser agravada por problemas pessoais, que acontecem, ou pelas injustiças e demoras igualmente naturais na estrada rumo ao cargo. 

É nessas horas que o concurseiro acha que tem muita coisa para administrar, muita coisa para fazer e acaba desistindo do sonho, ou ainda, tendo desejos menos ousados. Contudo, do ponto de vista global, o que são 1, 2, 3 ou 4 anos nesse esforço comparados com 10,15, 20, 30 anos em uma situação mais confortável e onde ainda servirá à coletividade. É como se você radicalizasse o esforço para depois ter guerras, que, inevitavelmente, acontecerão, mais fáceis de se combater. 

Preparar-se para concursos é demorado e trabalhoso, é uma batalha árdua, uma verdadeira maratona, mas é um sonho possível. É feito por outros e pode ser feito por você, qualquer que seja o seu ponto de partida, raça, cor, religião, origem social, condição intelectual atual etc. 


Se você acha que é o conjunto de dificuldades pessoais e circunstanciais, a concorrência e a quantidade de matéria, que tudo somado é um “inimigo” forte demais, deixe-me falar sobre guerras. O exército mais poderoso do mundo, foi derrotado por camponeses que usavam roupas simples. Esse é um resumo simplista do que foi a Guerra do Vietnã, mas serve de exemplo: por mais simples que seja a pessoa, ela tem o potencial de ultrapassar qualquer barreira que surja em seu caminho. 

Os vietnamitas venceram a guerra porque – ao contrário dos norte-americanos – não tinham para onde voltar, caso perdessem. Estavam batalhando em casa e como dizia Josete, filósofa, professora primária, dona de casa e minha mãe: “sapo que não pula não engole mosca”. Se você é um sapo e tem fome, vai ter que pular. Se você quer defender sua casa, tem de ir para a guerra, se quer passa em concursos, tem de fazer por onde. 

Os vietnamitas estavam comprometidos com suas famílias, sua terra, com expulsar os invasores. Estavam dispostos a fazer sacrifícios. Eram pacientes e dedicados. Eu diria que aprendiam a matéria e não se recusavam a fazer o que fosse preciso, independente do sacrifício. Não tinham medo de enfrentar um inimigo que parecia mais poderoso, ou, se tinham, não deixavam que isso os paralisasse. 

A mesma postura vale para o concurseiro. Se é muita matéria, se a prova parece impossível, se falta tempo para estudar, seja paciente, faça uma coisa de cada vez e faça tudo bem-feito. A cada etapa vencida você estará mais perto da conquista do seu objetivo e mais preparado para vencer a próxima batalha. Seus problemas e os concursos não vão conseguir escapar: você terá muitas oportunidades para aprender a lidar com eles e finalmente vencer a guerra. 

Use sua vantagem competitiva a seu favor. A estrutura da prova geralmente é a mesma, o tempo é sempre o mesmo, as matérias são fixas (determinadas no edital), as regras são claras, o que muda é você! Adapte-se, seja flexível e criativo, tenha paciência e persevere. Não pense nas dificuldades, mas no prêmio. Entenda que os obstáculos são desafios que, quando superados, darão ainda mais prestígio a sua aprovação, que virá após a dose certa de tempo e trabalho.


Fonte: Correio Braziliense

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